quinta-feira, 14 de março de 2013

Sorte ou Revés


Sorte ou Revés

As primaveras vão roubar
Toda rosa não vivida,
Toda obra construída.
E quando penso, percebo:
Tudo isso vai mudar.
E percebendo, penso:

E se os mares virassem cinzas
E os poetas ficassem ranzinzas?
O que seria de mim?
No fim, o que eu teria?

Afinal,
Quem norteará os ventos
E guiará os tempos?
Quem enviará um sinal?
Os ventos não precisam de direção.
Os deuses não requerem precisão.

Pois se os bobos ficassem tristonhos,
Os suicidas ganhariam a alegria,
Mas nada realmente mudaria.
As nuvens não desceriam do céu
E meus sonhos, eu casualmente seguiria.
Como se nada houvesse acontecido,
Como se o mutável fosse apenas
Um detalhe estático a ser compreendido.
(Dom. O)