Sorte ou Revés
As primaveras vão roubar
Toda rosa não
vivida,
Toda obra
construída.
E quando penso,
percebo:
Tudo isso vai mudar.
E percebendo,
penso:
E se os mares
virassem cinzas
E os poetas
ficassem ranzinzas?
O que seria de
mim?
No fim, o que eu teria?
Afinal,
Quem norteará os
ventos
E guiará os
tempos?
Quem enviará um
sinal?
Os ventos não
precisam de direção.
Os deuses não
requerem precisão.
Pois se os bobos
ficassem tristonhos,
Os suicidas ganhariam
a alegria,
Mas nada realmente
mudaria.
As nuvens não desceriam
do céu
E meus sonhos, eu casualmente
seguiria.
Como se nada
houvesse acontecido,
Como se o mutável fosse apenas
Um detalhe estático
a ser compreendido.
(Dom. O)